terça-feira, 5 de abril de 2011

“Eu vou à escola pra pegar mulher!”


“Eu vou à escola pra pegar mulher!”

A frase talvez não seja exatamente assim, mas a mensagem é essa. Ela foi retirada do filme Pro dia nascer feliz e gerou uma “excitante” discussão na aula de Fundamentos da Educação.
O professor, precisando passar o tempo, já que nem metade da turma havia chegado, iniciou um debate sobre o termo “pegar”, questionando se esta era uma expressão machista.
“Mulher também 'pega' homem ou apenas homem 'pega' mulher?” Muitos começaram a dizer que as mulheres também falam isso, é normal... e eu pensando nos milhares de textos realmente importantes que tinha para ler e no tempo que me falta, pois preciso ir às aulas da faculdade...
Até que meus pensamentos foram interrompidos. O professor apontou para mim, perguntou meu nome e passou a seguinte questão para eu responder:

“ - Você pega homens?”

Por que ele fez uma pergunta dessa logo para mim? Eu estava quieta... Admito que pensei em várias respostas... “Depende do dia”. “Ultimamente num tô pegando é nada”. “Infelizmente...”. Enfim... Mas lembrei que a discussão anterior era se esse termo poderia ser usado tanto para homens como para mulheres, então respondi:

“ - Acho que hoje em dia todo mundo pega todo mundo, professor!”

Eu esqueci que não estava na minha turma de história. Umas meninas ficaram indignadas com minha resposta. Outros riram... Mas eu estava falando sério!

Porém um rapaz começou a falar que “pegar” é um termo machista, pois significa que você está usando as pessoas como se elas fossem objetos.

Em primeiro lugar:
O significado da palavra machismo: “Comportamento, atitude de quem considera o sexo masculino superior, em direitos e qualidade, ao feminino.” Ou seja, se for aceito que tanto a mulher quanto o homem podem “pegar” (como foi colocado antes), não existe machismo nessa história!

Em segundo lugar:
Temos a necessidade de nomear as coisas, inclusive as relações. Então não vejo tanto problema em conceituar uma relação um pouco mais íntima com alguém por alguns minutos ou horas, com o termo “pegar”. Sim... existem palavras mais bonitas, assim como meu nome poderia ser Anysha, ao invés de Ana Karolina (nomes compostos só complicam!). O machismo, nesse caso, não está no termo em si, mas em quem o utiliza e na forma como é utilizado. Mas tomarei mais cuidado, não “pegarei” mais ninguém, apenas terei momentos de prazer e carinho com uma pessoa por alguns segundos, minutos, dias, etc. Desculpa se eu já te “peguei”. Mas deixemos de lado as ironias...

Em terceiro lugar:
Deste ponto eu tenho quase certeza que todos vão discordar de imediato. Peço apenas que leiam com calma e reflitam um pouco sobre isso. Pra mim, quando há qualquer tipo de relação entre duas pessoas, uma usa a outra para determinados fins. Quando eu desejo alguém, uso essa pessoa para satisfazer meus desejos. Se tenho necessidade de beijá-la, tocá-la e usarei seu corpo para isso. Se tenho necessidade de tê-la por perto, ela necessariamente será inteiramente usada por mim. São os meus desejos. E os desejos, em sua essência, são egoístas.. Quando há uma correspondência de necessidades, torna-se uma relação que consegue satisfazer os dois lados. Então, na verdade, as pessoas SE pegam.
Mas às vezes, por motivos diversos, entre eles o excesso de álcool, uma das pessoas não está muito consciente de suas vontades, então acaba que realmente uma pessoa pega a outra, mas esse é um caso muito triste e esse post é pra ser mais descontraído...
Sentimentos mais “nobres”, como o amor “de graça”, se existirem, são construções culturais.
Assim como a chamada banalização das relações humanas é uma construção social.
Mas isso faz parte de outra discussão...

Deveríamos deixar de tanta caretice. Os mesmos que criticam o machismo e a “banalização do amor” são os que cultivam essas construções, acreditando que há uma prioridade ontológica destas sobre o pensar.
Precisamos de mais liberdade, isso sim!

O problema não está em pegar, mas em NÃO pegar ou em não poder pegar todos os dias!

Um comentário:

  1. Muito bom ana...
    Eu tambem acredito nessa sua forma de pensar...
    as vezes me "pego" pensando sobre o machismo, e a concepção que tenho eh a de que o homem quer ser o melhor de tudo em relação a mulher... isso é óbvio que é uma construção arcaizante e antihumana...
    O corpo necessita de emoções e sentimentos presentes no outro, e se "pegar" ou não é crime, Que atire então a primeira pedra quem nunca pegou ou que nunca teve o desejo de pegar várias pessoas numa noite, de pegar uma pessoa do mesmo sexo.... Viva a liberdade do Corpo!!!

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